(A letra há que usá-la com toda a reserva):
Nós estamos na via, a dica não muda
Tu pára e pensa, a vida é tão curta
Eu tou na batida, eu tou na batalha, cabeça erguida
Tou na disputa, mato pela cota e pela canuca
Hoje tenho uma filha Clarinha do pai, carinha da mãe, o feitio é Piruka (a vida na rua, fadiga)
Rotina de merda te obriga, a tuga tá mais
Trabalho não há, como é que eu encho a barriga?
Muito que não sabe e opina, ninguém me alimenta a menina
Eu faço por mim, tropa mentaliza, cabeça para cima
Olha que a vida na esquina tem fim, filha olho por ti
Teu cota daqui não sai, eu quero que vejas em mim
O que eu nunca vi no meu pai, quero-te ensinar aquilo que aprendi
Quero lá tar para ti, ver cair e quero lá tar para te levantar e direcionar um caminho a seguir
Tu não vais passar aquilo que eu passei
Eu tou cá para te apoiar aconteça o que acontecer
Eu viro o mundo ao contrário para te ver bem
E até Deus me levar eu faço o que tiver de fazer, yeah
A vida tá foda, meu tropa falei, Piruka de borla, carrega no play
EP Para e pensa na rua meu rei
Quero dar à velhota o que ela não tem
A vida dá voltas e voltas, tu voltas para ver e nunca vês bem
Mas eu abro portas e só conto comigo, não vem que não tem
Quero um Mercedes para a minha mãe
Com chauffeur privado é claro que combina
E se quero tudo para a minha mãe
Luto o dobro para a minha filha
Piruka com calma caminha, pouco “parle-a-pier”
Manda vir cacher para os tropas da linha e passa-me o pica
Eu estou de passagem, se a dica pica mete a carapuça
Um ganda fuck para quem critica, nós estamos na fita e a dica é Piruka
Boy, tu deixa-os falar, o importante é palavra passar
Eu dou o meu sangue por tudo o que me ouves cantar (chora)
Refrão
Tropa eu vim para ficar, Quatro cantos, o início, vicio
Não me deixa parar, não me para à pala do vício
Início é para relembrar, música é o meu ofício
E então eu volto a citar:
Tropa eu vim para ficar, Quatro cantos, o início, vicio
Não me deixa parar, não me para à pala do vício
Início é para relembrar, música é o meu ofício
E então eu volto a citar, Tropa eu vim para ficar
Eu vim para ficar, podem falar, fico no meu canto, sempre no controle
O mano circula, já tou como o gula “quero correr ao encontro do sol”
Não acho bonito mano, na street há tanto stallone
É só jarda no corpo, não tarda tá morto, acaba na morgue à pala da Danone fuck it
Piruka em brasa, chapa tá quente
É fogo na casa, raça potente
Madorna no mapa em tinta permanente
Fuck editoras, sou independente, querem é coroas à pala da gente
Quatro Cantos é passado, Para e Pensa é o presente
É claro sou soldado e soldado serei sempre
Dread não mudo por nada, a dica foi dada
Piruka na estrada, prossiga, Madorna é a parada
Até ao meu último dia, a vida dá muita chapada
E eu já levei muita chapada na vida, de boca calada, pestana aberta
Facadas levadas são sabedoria, sentes revolta na caligrafia
Escrevo num papel o que a boca não diz, canetas malucas que fazem magia
Poesia divina de um mero aprendiz
Da minha boca, não ouves dizer o que eu nunca fiz
Não sou vida loca mas acredita que fui e não era feliz
De facto combato pela raiz, Piruka para ti, para os meus é André
Recruta do gueto, conto pelos dedos aqueles que na brasa não tiram o pé
Olho pelos meus e ainda hoje tenho fé
Se eu me ficar olhem pela bebé
Não dou pa pesado nem sou pesado mas estou com os pesados sempre na rolé
Tropa, eu quero é nota para pôr no cubico, não quero ser rico
Quero viver e quero a velhota com orgulho no filho
Olho arregalado, sigo o meu caminho, família primeiro, o resto é acréscimo
Sou mais um puro a dar no duro para o meu futuro não ser assim tao péssimo
Tu para e pensa mas pensa a sério
A vida não é para brincar, ando na estrada em busca do meu prémio
Em casa há bocas para alimentar
Sente a corrente que me veio apanhar
Quero a minha gente comigo a brindar, quero a minha gente comigo a citar
“Piruka não papa, veio para ficar, boy”
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