quinta-feira, 2 de março de 2017

Regras básicas de acentuação em português

Monossílabos

Os monossílabos tônicos terminados em ae ou o, seguidos ou não de s, são acentuados. [1]
Exemplos: pá, vá, gás, Brás, cá, má, pé, fé, mês, três, crê, vê, lê, sê, nós, pôs, xô, nó, pó, só.

Oxítonas ou agudas

As palavras oxítonas ou agudas (quando a última sílaba é a sílaba tônica) com a mesma terminação dos monossílabos tônicos acentuados, com acréscimo do em e ens, são acentuadas. [1] Também são acentuadas as oxítonas terminadas nos ditongos éuéi e ói.
Exemplos: pará, vatapá, estás, irás, cajá, você, café, Urupês, jacarés, jiló, avó, avô, retrós, supôs, paletó, cipó, mocotó, alguém, armazéns, vintém, parabéns, também, ninguém, aquém, refém, réu, céu, pastéis, herói.

Paroxítonas ou graves

As palavras paroxítonas ou graves (quando a penúltima sílaba é a sílaba tônica) que possuem terminação diferente das oxítonas acentuadas, são acentuadas. [1]
Exemplos: táxi, beribéri, lápis, grátis, júri,bónus/bônus, álbum, álbuns, nêutron, prótons, incrível, útil, ágil, fácil, amável, éden, hífen, pólen, éter, mártir, caráter, revólver, destróier, tórax, ónix/ônix, fénix/fênix, bíceps, fórceps, ímã, órfã, ímãs, órfãs, bênção, órgão, órfãos, sótãos.
São exceções as com prefixos como anti e super.[2]

Proparoxítonas ou esdrúxulas

As palavras proparoxítonas ou esdrúxulas (quando a antepenúltima sílaba é a sílaba tônica) são todas acentuadas. A vogal com timbre aberto é acentuada com um acento agudo, já a com timbre fechado ou nasal é acentuada com um acento circunflexo. [1]
Exemplos: lâmpada, relâmpago, Atlântico, trôpego, Júpiter, lúcido, ótimo, víssemos, flácido.
Observação.: Palavras terminadas em encontro vocálico átono podem ser consideradas tanto paroxítonas quanto proparoxítonas, e devem ser todas acentuadas. Encontros vocálicos átonos no fim de palavras tanto podem ser entendidos como ditongos quanto como hiatos.
Exemploscárie, história, árduo, água, errôneo. 
Exemplosanéis, fiéis, papéis, céu, troféu, véu, constrói, dói, herói.

Hiatos

As letras i e u (seguidos ou não de s) quando em hiatos, são acentuados desde que estas letras sejam precedidas por vogal e que estejam isoladas em uma sílaba (só o i ou só o u). [3]
Exemplos: a-íba-la-ús-tree-go-ís-tafa-ís-cavi-ú-vohe-ro-í-nasa-í-dasa-ú-de.
Obs.: Não se acentuam as palavras oxítonas terminadas em i ou u, seguidos ou não do s, pois fogem a regra das oxítonas acentuadas. Palavras como baúsaíAnhangabaú, etc., são acentuadas não por serem oxítonas, mas pelo i e u formarem sílabas sozinhos (hiato).
Não se acentuam hiatos que precedem as letras l, r, z, m, n, (estando estas a "fechar" sílaba) e o dígrafo nh. Exemplo contribuinte, rainha, raiz cfr. (raízes).

Acento diferencial

  • pôde (pret. perf. do ind. de poder)    //    pode (pres. do ind. de poder);
  • pôr (verbo)    //    por (preposição);
  • têm (terceira pessoa do plural do verbo ter)  //  tem (terceira pessoa do singular do verbo ter);
  • derivados do verbo ter têm na terceira pessoa do singular um acento agudo "´", já a terceira pessoa do plural tem um acento circunflexo "^" mantém/mantêm;
  • vêm (terceira pessoa do plural do verbo vir)  //  vem (terceira pessoa do singular do verbo vir);
  • derivados do verbo vir têm na terceira pessoa do singular um acento agudo "´", já a terceira pessoa do plural tem um acento circunflexo "^" provém/provêm.
Após a reforma ortográfica, o acento diferencial foi quase totalmente eliminado da escrita, porém, obviamente, a pronúncia continua a mesma.




.............................................................Os acentos, os hiatos e os ditongos decrescentes

As formas “saía”, “saías” e “saíam” recebem acentuação segundo a regra: "acentuam-se 'i' e 'u' tônicos, quando hiatos, sozinhos ou com 's' na mesma sílaba, contanto que não venham, logo na próxima sílaba, seguidos de 'nh'". 
Sei que em “saía”, e.g., o 'i' faz hiato tanto com a vogal anterior quanto com a posterior (sa-í-a), mas, suponho, basta um hiato para a regra acima se aplicar. Destarte, as formas 'ia' (i-a), 'ias' (i-as) e 'iam' (i-am), todas, 
como se viu, dissílabas, e, portanto, fazendo 1 hiato, não deveriam ser acentuadas? Ou, para isso, há que formar hiato, obrigatoriamente, com a vogal anterior, como em “saía”? Creio que não. Reafirmo, pois, minha pergunta: quede o acento das formas supras do verbo ir (e, se não existem, por quê, já que, pelo hiato, como demonstrei, parecia-me claro que deveria haver)? 
Agradecido.

Flávio Silva.  Brasil

A ideia que subjaz à nossa ortografia é a de que os ditongos decrescentes (aqueles em que a semivogal /i/ ou /u/ ocorre à direita da vogal) são os únicos verdadeiros ditongos do Português e que os ditongos crescentes (em que a semivogal antecede a vogal) não são verdadeiros ditongos. Esta ideia parte da constatação de que, muitas vezes, as palavras em que ocorrem ditongos crescentes também podem ser realizadas com duas vogais em hiato numa pronúncia mais lenta. Então, uma sequência gráfica do tipo «ai» representa por regra um ditongo decrescente, enquanto uma sequência do tipo «ia» representa em princípio duas vogais em hiato. A principal função dos acentos é a de assinalar a sílaba tónica, mas também são usados para marcar os casos em que as sequências acima citadas não representam aquilo que por regra representam, desde que tal não implique a acentuação gráfica de sílabas átonas («reunir» não leva acento para partir o ditongo porque os acentos só podem ser escritos sobre vogais tónicas). 
Isto significa que, com efeito, uma palavra como «ia» não se escreve com acento no i porque esta vogal não forma um hiato com uma vogal precedente. Numa palavra como «saiu», o i também não leva acento apesar de estar em hiato com uma vogal que o antecede porque, para evitar o uso dos acentos gráficos, a ortografia da língua portuguesa também se serve do facto/fato de em alguns contextos as letras u e o não poderem representar sons diferentes (uma vez que há vogais que não podem ocorrer em certos contextos), pelo que podem ser utilizadas para veicular outras diferenças (cf. «saio»). Também não se utilizam acentos para partir ditongos decrescentes quando estes precedem as letras l, m, n, r, z, e estas não iniciam uma sílaba nova. 
As regras para o uso dos acentos gráficos em Português estão repletas de pormenores. Isto deve-se ao facto/fato de a nossa ortografia ter como objectivo reduzir ao máximo a utilização dos diacríticos, para isso evitando usá-los nos padrões mais frequentes e reservando-os apenas para os casos que ocorrem com menor frequência. A excepção do dígrafo nh que o consulente refere é um exemplo disto e deve-se ao facto/fato de que em Português não se encontram ditongos decrescentes antes desta consoante (então, p.ex., «rainha» não precisa de levar acento porque /ráinha/ seria impossível).


Francisco Costa 11 de junho de 2003





Não são acentuadas graficamente palavras como:


Acerto (ê), substantivo, e acerto (é), flexão de acertar;
acordo (ô), substantivo, e acordo (ó), flexão de acordar;
cerca (ê) substantivo, advérbio e elemento da locução prepositiva cerca de, e cerca (é), flexão de cercar;
coro (ó), substantivo, e flexão de corar; 
deste (ê), contração da preposição de com o demonstrativo este, e deste (é), flexão de dar; 
fora (ô), flexão de ser, ir; e fora (ó), advérbio, interjeição e substantivo; 
piloto (ô), substantivo, e piloto (ó), flexão de pilotar, etc.





EXERCÍCIOS

Analise as frases quanto às recomendações sobre acentuação gráfica:

Tanto imaginou o que se iria passar, que chegou a crê-lo e a vê-lo.
Logo depois, seguiu na direção do Largo da Carioca, para entrar num tílburi.
A ideia de estarem descobertos parecía-lhe cada vez mais verossimil.
Camilo, em si, reconhecia que podia serví-la por toda uma eternidade.
A mesma suspensão das suas visitas apenas com o pretexto futil, trouxe-lhe magoas.
E há o caso de palavras como bênção, sótâo, órgão, etc.



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